Projecto a crescer nas cidades de Torres Novas e do Fundão, com grupos de alunos do 11º e 12º anos.

Partimos do universo do espectáculo "Dos Joelhos para Baixo" para uma investigação poética e crítica sobre os lugares-cidade: identificar questões, procurar e (re)criar narrativas em esquinas, interrogar os cidadãos e o seu papel, pensar a comunidade e as suas relações com o espaço urbano, através dos rituais, das histórias, dos vestígios.

Jogar, caminhar e cartografar, são as linhas que norteam a nossa prática. Regularmente são lançadas propostas de pesquisa e acção ao grupo, à procura de perspectivas sobre a cidade e das formas de apropriação dela. Porquê e como irromper no quotidiano e no destino da mesma?




terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Pnyx - Arquitectura para Quem deseja Falar(?)



Comparada com outros monumentos da Atenas antiga, como o Partenon, a Pnyx é pouco espectacular. Uma colina pequena e rochosa com uma grande plataforma de pedra colocada num dos lados, rodeada de degraus esculpidos no seu declive.
É no entanto um dos lugares mais significativos da cidade e talvez do Mundo. Este era o lugar de reunião da primeira democracia do mundo, a Ekklesia (a Assembleia) de Atenas. A plataforma de pedra chamada bema era a Plataforma dos Oradores.

Assim, a Pnyx é a concretização material do princípio de isegoria(em grego: ισηγορία), isto é, o direito de todos os cidadãos à livre expressão, a manifestarem e debaterem a sua opinião política (de Polis = cidade). Os outros dois princípios da democracia grega são a isomonia (em grego: ισονομία), que quer dizer igualdade perante a lei e isopoliteia (em grego: ισοπολιτεία), isto é, igualdade de voto e de oportunidade para assumir cargos políticos.

O direito de isegoria era expressado pelo oficial que presidia à assembleia da Pnyx, que abria cada debate com o convite aberto: "Quem deseja falar?" (Grego: "Τίς ἀγορεύειν βούλεται")

Na Pnyx havia lugar para 20.000 cidadãos, de pé. A área em frente à bema daria para cerca de 6000 cidadãos, uma provável estimativa do número de cidadãos politicamente activos. Os cidadãos eram homens nascidos livres. As mulheres e os escravos não tinham direito à cidadania. Haveriam lugares sentados para o Conselho dos 500, eleitos pela assembleia para governar o quotidiano da cidade. Mais tarde duas stoae, galerias cobertas, foram construídas para proteger os dignatários da chuva e do sol.

Em teoria todos os cidadão eram iguais e todos tinham o direito à expressão. Na prática Atenas era uma sociedade hierárquica como outras, e os que eram reconhecidos como lideres tendiam a dominar os procedimentos. Muitos pertenciam a antigas famílias aristocráticas que já governavam Atenas antes do advento da Democracia. Mas os pobres e os anónimos poderiam às vezes subir ao poder, ou fazer-se ouvir, se falassem bem e arrebatassem o humor da assembleia. Os cidadão com mais de 50 anos tinham o direito a ser ouvidos primeiro.

2 comentários:

  1. Devia ser uma confusão para se entenderem e conseguirem falar ! Ainda por cima quase todos em pé . Mas gostei do texto , é uma curiosidade interessante , nunca tinha ouvido falar em Pnyx .

    Ana do Carmo

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  2. Realmente... devia de ser uma confusão!

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